Sigma 18-200mm f/3.5-6.3 II DC OS (Teste)




Em comercialização desde Outubro de 2011, esta nova versão da Sigma 18-200mm, introduz algumas inovações face ao anterior modelo cujo lançamento ocorreu em Janeiro de 2009. O principal é o uso de elementos de vidro (lentes) revestidas a "FLD". Um novo revestimento para reduzir aberrações cromáticas... Esteticamente, diferencia-se pela risca vermelha existente na extremidade do foco e pela menção da siglas "II" no corpo da objectiva.

A Sigma 18-200mm f/3.5-6.3 II DC OS integra-se na classe das "Superzoom" sendo uma das objectivas  mais procuradas pelos utilizadores que querem concentrar tudo numa só!

Na realidade, é versátil, relativamente leve, tem um custo razoável e face à sua amplitude angular adapta-se à maioria dos temas fotográficos....

Como seria de esperar, isso tem as suas vantagens na hora de partir de viagem de férias ou simplesmente de fim de semana. Evita-se ter que "carregar" com mais que uma objectiva e ter de "trocar" de objectiva quando a que está montada na câmara "não chega" ou pelo contrário "é demais..." para aquilo que queremos fotografar.

Dum momento para o outro, com o simples rodar do anel de zoom, podemos deixar de fotografar uma vasta paisagem a 18mm e fotografar mais em pormenor um outro qualquer objecto que queiramos "aproximar" rodando simplesmente o anel para os 200mm! Com isto, muda-se num "piscar de olhos", de um ângulo de imagem de 76,5º (18mm) para 8,1º (200mm)!


Penso ser esta a principal razão pela qual muitos dos compradores optam por esta "solução" em vez de adquirirem duas objectivas que se complementem... Por exemplo, uma 18-55mm e outra 55-200mm.
Aliás, acredito que grande parte dos potenciais compradores desta Sigma provavelmente já terá uma das objectivas de “Kit”, que adquiriram junto com a câmara, com parte das distâncias focais que esta 18-200mm tem!

No entanto, como é sabido, "não há bela sem senão" e estas "superzoom" também não fogem à regra!

Para começar, desiludam-se os que pretendem uma objectiva para fotografar desportos... Apesar do óptimo sistema de estabilização de imagem (OS), e da rápida focagem do sistema "HSM" (*1), os f/6.3 de abertura máxima, a 200mm não fazer milagres e esta não será certamente a objectiva mais adequada a esse fim...

Embora não se possa dizer que a qualidade de imagem seja má, dificilmente as objectivas com grande amplitude focal (como é o caso desta Sigma que permite fotografar com ângulos tão amplos e distintos como os típicos duma grande angular - 18mm - até uma média teleobjectiva - 200mm) conseguem uma coerência de resultados bons ao longo dessa amplitude focal.

Bom, mas para poder dar uma opinião válida nada melhor que testar, nos limites e de forma critica, esta Sigma 18-200mm II DC OS...

Foi precisamente isso que fiz!
Foram efectuados testes, quer em exteriores, quer em interiores (testes de gráficos) com três diferentes câmaras: Uma Nikon D60, uma Nikon D2x e uma Nikon D300. Portanto, todas de formato de sensor DX (APS-C) ao qual se destina esta objectiva. Além disso, foram ainda comparados os resultados obtidos, em iguais situações, com outras objectivas. Por razões lógicas, com uma zoom de menor amplitude focal, também de preço acessível: A Nikkor 18-55mm f/3.5-5.6 AF-S G II ED (idêntica à versão VR). E, ainda, uma objectiva da gama denominada "Pro" de reconhecida qualidade: A Nikkor 80-200mm f/2.8 ED AF.

 Manuseamento:
Esta Sigma acabou por me surpreender positivamente pela facilidade de utilização. Apesar de compacta, todos os comutadores e anéis estão acessíveis e funcionam de maneira suave e precisa. Não encontrei folgas exageradas nos anéis de focagem e de zoom nem, pelo contrário, apertos que exijam esforço anormal para os accionar. A focagem, no modo manual, é fácil e precisa.

No entanto, apesar do seu pequeno comprimento, os cerca de 600g de peso acabam por influenciar o uso em certas câmaras. Existe uma grande diferença entre manusear esta objectiva em câmaras grandes como as Nikon D300 ou D2x e em câmaras pequenas, como as D60, D5000, D3000, etc..
A diferença reside no balanceamento do conjunto.
Em câmaras pequenas, o peso da Sigma 18-200mm faz com que o conjunto tenda a descair para a frente. Para contrariar essa “tendência”, nada melhor que segurar a frente do conjunto pela objectiva com a mão esquerda. Ora, isso traz outro problema… a interferência com o anel de focagem!
Ou seja, estamos a tentar equilibrar o conjunto e enquanto focamos os nossos dedos ficam quase sempre sobre o anel de focagem. Implica isso que o sistema de focagem “HSM” não consegue rodar o anel de focagem, gerando-se um ruído agudo e nada de foco até tirar-mos os dedos que o estão a travar…
Em câmaras grandes, tal fenómeno é menos usual uma vez que a tendência é segurar o conjunto de forma mais recuada.
Outro (pequeno) pormenor reside na dificuldade (relativa) de extrair esta Sigma em câmaras pequenas. O seu diâmetro junto da zona da baioneta é grande e quase que se sobrepõe ao botão da câmara destinado à sua libertação.

Por último, a utilização do flash integrado, principalmente das câmaras mais pequenas, fica comprometido quando usámos a Sigma18-200mm nas suas distâncias focais mais curtas uma vez que o próprio corpo da objectiva obstrui a incidência do mesmo, criando sombra.

Aspectos verdadeiramente positivos: A rapidez e silêncio do sistema de focagem!

No entanto, no caso de se “perder o foco” (situação que acontece com alguma frequência em situações de pouca luz), a objectiva tem alguma dificuldade em focar de novo…

Quatro curiosidades acerca desta Sigma 18-200mm f/3.5-6.3 II DC OS:
(Penso serem características gerais e não apenas do modelo testado...)
  • independentemente de estarem ou não activos, na objectiva, os sistemas de redução de vibrações (OS) e o sistema de focagem Automática (AF), estranhamente (?), mesmo com a câmara pousada e sem estar sequer a tocar no botão obturador, a objectiva continua a emitir um ruído estático constante de funcionamento... (só audível encostando o ouvido ao corpo da objectiva);
  • * A distância mínima de focagem (medida ao Plano focal como, aliás, deve ser medida) não me pareceu ser de 0.45m mas antes duns 0.30 a 0.32m... Significa isto que a objectiva consegue focar mais próximo do que o que vem indicado nas especificações (?);
  • Uma outra curiosidade que, no entanto, é comum a outras "superzoom".... Se tentarem focar algo que se encontre a menos de 2 metros de distância da câmara usando os 200mm, na verdade, não estarão a fotografar a 200mm mas sim a uns efectivos 135 a 138mm de distância focal! Pois é! Até essa distância esta Sigma 18-200mm II OS não consegue mais que isso. Após esses 2 metros e até ao infinito, a distância focal tende gradualmente a ser a correcta!
  • Por fim, nas 3 câmaras que usei para os testes, e por comparação com outras objectivas, notei uma ligeira tendência para sub-exposição em cerca de 1/3 f/stop. Em certas situações, esse valor a menos na exposição acaba por tornar as fotografias aparentemente mais contrastadas e com um colorido mais intenso. 

 Construção:
Compacta e bastante sólida…
Comparativamente à SIGMA 70-300mm f/4-5.6 DG MACRO (cujos testes e opinião podem ser vistos aqui), esta 18-200mm apresenta um nível de construção superior e mais cuidado. Os próprios botões (de activação de AF e de OS) são mais precisos e robustos.
Um aspecto positivo: O encaixe da baioneta é metálico. Embora possa parecer não ser relevante neste tipo de objectivas (tanto mais que poucas vezes será necessário mudar a mesma....) os encaixes em metal proporcionam uma mais eficaz e firme união com a câmara.
Esta Sigma não possui anel de aberturas. Tal não tem qualquer interferência em câmaras digitais uma vez que todas comutam as aberturas do diafragma por utilização de selectores nas próprias câmaras… somente impossibilita o seu uso em câmaras analógicas (muito) antigas.

Por sua vez, o anel de incremento das distâncias focais (anel de zoom) também é preciso e fácil de manusear. O único senão reside na dificuldade de fotografar verticalmente (com a objectiva directamente virada para o chão ou para o céu) uma vez que o zoom se move sozinho por força da gravidade. Existe um pequeno comutador destinado a bloquear este movimento indesejado do zoom, designadamente para facilitar o transporte, fixando-o na posição dos 18mm onde a extensão é a mais curta.

O anel frontal desta objectiva não roda, quer com a mudança das distâncias focais, quer com a focagem, o que facilita a utilização de filtros polarizadores.
 (Coloque o cursor sobre a foto abaixo para ver o zoom a 200mm) 



Em utilização:
Começo por dizer que esta avaliação é feita tendo em consideração o tipo de objectiva “generalista” que a Sigma 18-200mm II DC OS pretende ser…

Como já acima referi, as objectivas zoom com grande amplitude focal tem as suas vantagens mas, também, as suas desvantagens… Ou seja, quem adquire uma destas objectivas tem de ter, desde logo, a consciência que está a comprar uma solução de compromisso.

Um dos problemas que notei foi a vinhetagem (escurecimentos dos cantos das fotografias) na distância focal mínima (18mm). É quase certo que notarão esse fenómeno se fotografarem uma paisagem com um céu de intenso azul….
Já os reflexos (flare) são bem controlados e esse aspecto surpreendeu-me…

Deformação de imagem:
(clicar nas imagens p/ampliar)
A 18mm, apesar da “tradicional” fuga para o infinito, a convergência das linhas faz-se linearmente… Por oposição, a Nikkor 18-55mm deforma as linhas de maneira mais rude em forma de “barril”.

Agora, o que não gostei foi do comportamento da Sigma 18-200 na zona das chamadas distâncias focais “normais”. De facto, entre o 35mm e os 55mm, contrariamente ao que seria de desejar (e esperar…) a deformação de imagem, quer vertical, quer horizontal, é grande e em forma de barril… Foi este um dos pontos que menos gostei…

Em relação à cor, esta Sigma proporciona cores bem saturadas. Pareceu-me, no entanto, que há uma ligeira tendência para a sub-exposição como acima referi.
(Ver as variações dos Histogramas, para os mesmos cenários e regulações, com diferentes objectivas)



Sistema de Estabilização de Imagem "OS". Vale mesmo a pena ou não?
A Sigma anuncia um ganho de 3 ou 4 f/stop´s com o uso activo do sistema de estabilização de imagem “OS” (Optical Stabilization).
Isso é de difícil medição e não posso dizer se tal corresponde integralmente á verdade ou não… mas também não interessa nada… Posso sim, é dizer que tal sistema funciona e bem!
Embora na maioria dos casos de fotografias em exteriores seja difícil descortinar se a fotografia ficou nítida ou não devido ao sistema “OS” se encontrar na posição “On”, facilmente descobrimos essa verdade quando repetimos a foto com ele desligado… Claro que essas diferenças serão tanto mais notórias quanto mais lentas forem as velocidades de obturação usadas na captura das imagens. Este sistema acaba por ser uma mais valia e, de certa forma, compensa as aberturas lentas desta objectiva!

Na imagem de teste em baixo foi usada propositadamente uma abertura grande (f/20) de modo a diminuir a velocidade de obturação a valores baixos (1/50 seg.) Com estes valores, a 200mm, com o sistema “OS” desligado e sem recurso a outro qualquer sistema de estabilização (tripé, monopé, ...) é quase impossível conseguir fotos nítidas!



A Sigma (como já é usual) publicita a capacidade de fotografar no modo “Macro” com as suas teleobjectivas… Continuo sem saber muito bem porquê…!

Esta SIGMA também tem essa inscrição (discretamente) aplicada na extremidade do anel de extensão de zoom.
O “pseudo” modo Macro consegue-se combinando a máxima distância focal da objectiva (os 200mm) com a mínima distância de focagem possível (0.45m – anunciados…)

A Sigma anuncia que essa distância mínima é de 0.45m mas, segundo alguns testes rápidos que efectuei, parece-me ser praticável focar bem mais perto.... a cerca de 0.32m! No entanto está longe de poder chamar-se uma objectiva "Macro". Certamente dará para fotografar flores com algum pormenor mas não muito mais que isso... a relação de reprodução máxima é de 1:3.8

 Qualidade óptica: 
Já vimos que versatilidade e polivalência podem ser aspectos atractivos e até ambicionados pelo eventual público comprador desta SIGMA 18-200mm.

Todavia, duas questões, certamente, terão de ser feitas…
Não será a qualidade de imagem também um factor importante?
Claro que sim! Por isso, a segunda e inerente questão será:
Até que ponto essa polivalência compromete a qualidade de imagem?

Apesar de globalmente ter achado as imagens produzidas por esta Sigma um pouco "suaves", penso que a qualidade (global) é suficiente para justificar o custo (relativamente acessível) desta objectiva… ou seja, não servirá para os “fanáticos” pelo recorte mas certamente que será mais que adequada à maioria dos utilizadores.

Há, no entanto que distinguir duas situações:
A parte central da imagem - em relação à qual se pode dizer que, independentemente da distância focal usada, são apresentados quase sempre bons resultados; e
As extremidades da imagem - onde os resultados obtidos, como mais à frente veremos, reflectem outra realidade...

Os melhores resultados em termos de definição/recorte são, quanto a mim, obtidos até à distância focal de 135mm. Acima disso, perde-se alguma qualidade e a 200mm, principalmente nos cantos, a imagem não é de todo a melhor conforme se pode comprovar nas imagens de teste em baixo…

Teste de Gráficos:
Crop´s a 100% com 370x370px duma imagem com 4288x2848px totais
Objectivas usadas neste comparativo:
- Sigma 18-200mm II DC OS
- Nikkor 80-200mm AF ED




Um dos motivos porque acima referi que a apreciação acerca desta Sigma 18-200mm deve ser vista dentro do segmento onde a mesma se insere (“Superzoom”) tem a ver precisamente com as grandes diferenças que podem ser notadas quando comparada com uma objectiva “profissional”… Não é de estranhar, por isso, as diferenças obtidas nos testes. Mas penso que, nos cantos a imagem deveria ser melhor….

Globalmente as imagens produzidas por esta Sigma 18-200mm II DC OS são adequadas ao tipo de fotografia a que esta objectiva se destina (generalista). No entanto, existem aberturas específicas, ao longo das várias distâncias focais, em que os resultados são melhores. Sendo certo que os resultados obtidos são sempre mais definidos na zona central da imagem (facto, aliás, “normal” e comum a todas as objectivas), nas distâncias focais mais curtas - 18mm a 55mm - o melhor recorte de imagem é obtido com valores de abertura situados por volta dos f/3.5 ~ f/5.6. A partir daí, os f/8 ~ f/11 parecem-me ser a abertura “ideal” para a obtenção de imagens mais recortadas.

 Em suma: 

Sabendo de antemão que todas as objectivas Zoom tem as suas limitações, no computo geral, a opinião com que fiquei acerca desta Sigma 18-200mm f/3.5-6.3 II DC OS, uma "superzoom" de 11x, é positiva. Claro que é uma opinião formada com base no segmento onde esta objectiva se insere e o preço que custa.

Alternativas à Sigma 18-200mm II DC OS (não necessariamente só para a Nikon…) bem como às outras versões da Sigma 18-200mm (versão mais antiga  - simplesmente "DC OS" - e versão sem "OS"):

- Tamron 18-200 mm f/3,5-6,3 XR Di II LD (a única 18-200mm mais barata do que as Sigma)
- Nikon 18-200mm f/3.5-5.6G IF-ED AF-S VR DX (de todas a mais cara opção...)
- Canon 18-200mm EF-S f/3.5-5.6 IS
- Sony 18-200mm SAL18200mm f/3.5-6.3

(*1) - A Sigma 18-200mm pode ser adquirida sob várias opções de encaixe consoante a marca da câmara à qual se destina. São vendidas, designadamente, com encaixe específico para a Nikon, Sigma, Canon e Sony/Minolta. Excluindo a versão com "encaixe Nikon" mais nenhuma possui sistema "HSM". A versão para a Canon também não possui sistema de estabilização "OS".
A "versão Nikon" desta Sigma (igual, portanto, ao modelo testado), face ao sistema de motorização interno da objectiva (HSM) é compatível com câmaras da marca Nikon sem motorização (D40, D40x, D60, D3000, D3100, D5000, D5100).

Qualidade Óptica
★★★☆☆
Qualidade de Construção
★★★★
Versatilidade
★★★★★
Manuseamento
★★★★
Valor
★★★☆☆

kodak No. 3A Folding Pocket Kodak - Model B (1903~1904)


Sem dúvida, esta é uma das mais belas e fascinantes câmaras clássicas que possuo. Além de esteticamente imponente, é um modelo muito pouco usual de se ver nos nossos dias pelo que pode apelidar-se de "raridade". Trata-se do 2º modelo (Model B) das "No. 3A Folding Pocket Kodak" (F.P.K.) produzidas nos Estados Unidos da América pela pela Eastman Kodak Company durante os anos de 1903 a 1914.
Deste "Modelo B" foram apenas produzidas 15.000 unidades! Este é um dos modelos destas câmaras fotográficas mais difícil de encontrar.
Concretamente, existiram 7 diferentes versões (ou modelos) destas máquinas. A saber, por ordem cronológica:  A, B, B-2, B-3, B-4, B-5 e C.
O "modelo A" foi, portanto, o primeiro a ser comercializado e a utilizar os específicos e enormes rolos de formato "122" entre Junho de 1903 e Setembro do mesmo ano. Dada a sua limitada produção (5.000 unidades), este modelo, é de todos o mais raro (...por sua vez, o modelo "mais comum" é o B-4).
Segue-se-lhe o modelo da câmara da imagem (modelo B) produzida entre Setembro de 1903 e Junho de 1904. Tal permite datá-la, com rigor, àquele pequeno período. Significa isso, que tem mais de um século! *
Na altura, contrastando com as mais baratas e populares "brownie", esta era uma das câmaras mais refinadas e mais caras que existiam. Os materiais que a compõem são o alumínio, pele e madeira de mogno.
O seu preço, aquando do lançamento, era verdadeiramente astronómico: 78,00 dólares!
Tão grande como o preço era o seu tamanho... Esta câmara é imponente e enorme! Tem cerca de 25cm de altura e mais de 1Kg de peso! No entanto era considerada uma câmara de bolso (pocket camera)... como mudaram os hábitos de vestuário ao longo dos tempos... :)
De igual modo - grandes - eram também os negativos usados por estas câmaras. O rolo "122" produzia negativos do tamanho de postais (8.25x14cm).
O obturador é um "Kodak Automatic" (pneumático... daqueles que funcionam através de pressão numa pêra de borracha). A objectiva que equipa este modelo de câmaras são as "Bausch & Lomb" Rapid Rectiliniar.
A história percorre caminhos curiosos... assim com esta máquina.... Produzida nos Estados Unidos da América, foi vendida para a Grã-Bretanha onde ficou até quase aos nossos dias.
Sendo eu um relativo "apreciador" de antiguidades fico triste sempre que vejo sair do nosso país uma qualquer peça histórica com valor museológico. Pelo contrario, também fico contente sempre que se "evitam" essas "perdas" de património ou inclusivamente se adquirem a outro país. Foi precisamente esse o caso. Foi da Grã-Bretanha que veio esta câmara e dada a sua "rareza" penso que não deverão existir muitas mais no nosso País...   
Por isso, aproveito para partilhar estas imagens da mesma após um processo de limpeza e restauro.
Como é de esperar, mesmo sem utilização, os mais de 100 anos acabam por fazer com que seja sempre necessário algum "trabalho" de restauro... Há quem goste de "ver" estas máquinas tal qual as encontrou (mesmo sem qualquer limpeza). Pessoalmente, acho que isso não as dignifica nem revela a sua beleza e encanto... Mas, acerca disso, podem ver no final uma imagem ilustrativa do estado em que veio para o nosso País....
Um dos materiais mais problemáticos, destas e doutras câmaras clássicas, é a pele natural que lhes serve de revestimento final. É um dos componentes mais expostos e que mais cuidados requer para uma correcta conservação. Ao longo dos anos, a pele, naturalmente vai ressequindo e facilmente sofre rasgões ou riscos. Felizmente, também é um dos materiais de mais fácil restauro... Há que hidratar a pele e depois de limpa a estrutura base (metal ou madeira) colar aquelas "pontas" que, quase sempre, estão descoladas quando adquirimos uma destas relíquias.
Nesta câmara em concreto, outro "trabalho" necessário foi o de recuperar a base de madeira em Mogno (que se encontrava muito riscada) devolvendo-lhe o tom e o brilho naturais.
Bom, falando (...mais) um pouco sobre as Kodak No.3 F.P.K....
A qualidade, quer estética, quer de construção, são realmente muito cuidadas. Nota-se que não é uma câmara construída unicamente para servir o seu fim - fotografar - mas, também, para servir como peça de culto e de "status". A variedade dos materiais, de que são feitas, estão muito bem combinados e todos eles, pelos contrastes entre si, acabam por ganhar vida e por "ressaltar à vista". O fole, em pele vermelha, os cromados colocados sobre a pele preta, o tom levamente avermelhado da madeira de Mogno, o tradicional amarelado da liga de latão onde está montado o sistema de obturação... Enfim, uma máquina bem colorida construída para fotografar a "Preto e Branco"!
Aberta, no interior podemos comprovar que os cuidados com a qualidade se mantém... Os materiais (madeira e metal) possuem também bons acabamentos. Pormenor curioso: O grande rolo, onde se prendia a película "122", é de madeira. 
Fechada: uma das perspectivas menos interessantes desta câmara... Excluindo o seu tamanho, é idêntica a outros tantos modelos... 

Afinal, mais uma câmara clássica de colecção…


Ao lado:
Uma imagem da câmara antes do restauro! (fotografada com um telemóvel...)



 Caraterísticas/Especificações da Kodak FPK 3A Model B:
Anos de produção: 1903~1904
Distância focal: ?
Aberturas: f/4 a f/128
Objectiva: Bausch & Lomb Rapid Rectilinear
Obturador: Kodak Automatic (pneumático)- T, B, I
Rolo: 122


* (Kodak Cameras The First Hundred Years, Brian Coe, Hove Collectors Books, 2003 Reprint (ISBN 1-874-707-37-5)

Qual o significado das siglas dos diversos modelos e marcas de objectivas?





Cada fabricante de câmaras (ou objectivas) tem, subjacente aos seus produtos, siglas e terminologias próprias. Embora diferentes (de marca para marca por questões éticas e de direitos de registos…), significam, no fundo, quase sempre o mesmo…

Uma das perguntas que com frequência me fazem versa precisamente sobre o significado das diversas letras/abreviaturas que cada marca coloca nas suas objectivas e qual o seu significado.
Pois bem, recentemente tornaram a questionar-me acerca dessa questão e isso serviu de incentivo para escrever este pequeno artigo que tenta explicar o significado das principais siglas utilizadas pelos diversos fabricantes de objectivas...

Vamos lá ver então…
Muitas vezes uma objectiva encontra-se repleta de conjuntos de siglas ou abreviaturas. Muitos certamente ficarão confusos e, na hora de escolher uma nova objectiva, ficam na dúvida se este ou aquele modelo é ou não compativel com a câmara que possuem bem como o que querem dizer inscrições como:  "APO"; "IS"; "DG"; "AF-S"; "HSM", etc, etc....
Pois bem! Duma maneira geral, esta nomenclatura, associada às objectivas, indica as características técnicas de cada modelo em concreto.

Existem, especialmente, três tipos distintos de indicações técnicas que são usados pela maioria dos fabricantes:
  1. O primeiro reporta-se à existência dum sistema de estabilização. Esta é uma informação importante principalmente quando se trata de Tele-objectivas ou se pretende uma objectiva para fotografar em condições de pouca luz. São sistemas (incorporados nas objectivas) que permitem reduzir as vibrações resultantes do manuseamento pela mão humana. Actualmente estes sistemas tem sofrido um grande evolução e conseguem fazer com que se captem, em iguais condições de luz, fotografias com um ganho de 3 ou 4 f/stop's. Quase todas as marcas oferecem este sistema. No entanto, cada uma delas lhe dá nomes diferentes como mais abaixo podem ver... No fundo, apesar de cada marca ter um sistema próprio e diferente das restantes, não se pode dizer que nenhum deles seja melhor que o outro... todos visam reduzir as vibrações das capturas... somente se muda o nome das tais siglas!
  2. O segundo reporta-se aos sistemas de motorização das objectivas. Isto é, o mecanismo usado pelas objectivas que possibilita a "Auto-focagem". Grande parte das mais recentes SLR-D não possuem motorização própria pelo que é essencial que esse sistema de motorização esteja instalado na objectiva. Todas as marcas optam por um sistema focagem por meio de rotação resultante de ondas ultra-sónicas dado o silêncio e velocidade que estas permitem.
  3. O terceiro, que por sua vez  talvez seja o que mais difere de modelo para modelo, diz respeito às qualidades ópticas, nomeadamente os revestimentos utilizados nas lentes. São variadíssimos e duma maneira geral, apesar de distintos, todos tem a mesma finalidade: reduzir ou minimizar as aberrações cromáticas, reflexos, etc...

Feito este "preâmbulo" aqui ficam, então, os diferentes significados de cada uma das siglas mais comuns usadas pelas diferentes marcas:


 Sistemas de redução de vibração ou estabilização de imagem  

  • CanonIS (Image Stabilizer)       Tradução: “Estabilizador de imagem”
  • Nikon -  VR (Vibration Reduction)  -  Tradução:  “ Redução de vibrações”
  • SigmaOS (Optical Stabilization) – Tradução: “Estabilização Óptica”
  • Tamron – VC (Vibration Control) – Tradução: “Controle de Vibrações”

 Revestimentos ópticos com vista a melhorar a qualidade de imagem e/ou a diminuir/corrigir aberrações cromáticas, deformações, etc...  

  • NikonED – (Extra-Low Dispersion) – Tradução: “Baixa dispersão” *1
                      N – (NanoCrystal Coat) – Tradução: “Revestimento em Nano Cristal”

  • SigmaAPO – (Apochromatic) – Tradução “Apocromático” (sistema de revestimento para uma pequena dispersão de modo a minimizar as aberrações cromáticas)
                       EX – (EX Lens) – (Objectivas de construção mais cuidada em termos de robustez e nível óptico)
  • Tamron - XR (Extra Refractive Index) - Vidro de melhor qualidade que permite melhor passagem de luz através dos vários elementos ópticos)
                        SP - (Super Performance) - Objectivas "pro" com elementos ópticos mais cuidados
  • Tokina - SD (Super Low Dispersion) - Tradução: "Baixa dispersão" *1  
A Canon possui igualmente objectivas com revestimentos ópticos que visam diminuir as aberrações cromáticas SWC (Subwavelength Structure Coating). Todavia, essas siglas não são mencionadas nas objectivas.

*1 Significa que a objectiva possui um tratamento (revestimento das lentes) de baixa dispersão dos raios de luz incidentes. Quer isto dizer que a objectiva é pouco propensa a dispersar as cores que recebe em raios com diferentes comprimentos de onda. Por outras palavras... no limite, a chamada aberração cromática!


 Siglas relativas à indicação do formato da objectiva (compatibilidade com sensores de sistemas APS-C ou Full-frame)  

  • CanonEF-S (EF para o formato Full frame – 35mm) EF significa “Electro-focus”
  • Nikon  - DX (ou FX para o formato “Full frame – 35mm)
  • SigmaDC (A outra sigla DG reporta-se à compatibilidade das objectivas com o formato 35mm ou FX)
  • Tamron - Di-II (Di para o formato FX)
  • PentaxDA
  • Tokina - DX 

 Siglas referentes aos sistemas de motorização das objectivas  
  • Canon - USM (Ultra-Sonic Motor) - Tradução: "Motor Ultra-sónico"
  • NikonAF-S (Silent Wave motor ) - Tradução: "Motor por ondas silencioso" *2
  • Tamron - PZD (Piezzo Drive) - Tradução: Motor Ultrasonico baseado na tecnologia "Piezoelectrica" por emissão de ondas de alta frequência 
  • Sigma - HSM - (Hyper-Sonic Motor) - Tradução: "Motor Hiper-sónico"  
*2 - Basicamente todas as objectivas motorizadas actuais usam sistemas idênticos. Podem ver uma explicação melhor acerca deste tópico seguindo o Link no final deste artigo procurando pelas siglas AF-S.

Espero que este "glossário" tenha ajudado...
Para um melhor esclarecimento acerca de todas as outras siglas (relacionadas com a marca Nikon) podem ver aqui.

Zeiss Ikon Ikonta - Model 520/18 "Baby Ikonta" (1932~1936)



Estas câmaras fotográficas Zeiss "Baby Ikonta" (520/18)  não sendo, na minha opinião, particularmente "bonitas" serão, provavelmente, as mais pequenas "câmara de fole" que alguma vez existiram. Esse será, porventura, um dos aspectos que contribui para a sua procura e consequentemente lhes dá alguma cotação como "peças de coleccionismo". São realmente pequenas e as suas dimensões (fechada) não ultrapassam os 10x7x 2,5cm!
Fazem parte da "família" do modelo "Ikonta" das máquinas da marca Zeiss, sendo as mais pequenas desse mesmo modelo, cujo primeiro lançamento (520, com formato de filme maior, de 4,5x6cm) ocorreu meados de 1930.

Esta pequena câmara incluí-se nas chamadas "Mini-camaras" ou "Câmaras-bebé" pelas suas diminutas dimensões.
Surgiram numa altura em que a fotografia se começava a "popularizar" e, de um modo geral (tal qual como acontece ainda nos nossos dias), as pessoas queriam registar os seus passeios e viagens. Ora, uma câmara pequena era o ideal para estas situações. Tanto mais que a maioria das câmaras da altura eram grandes e pesadas!
Contudo, a construção destas Zeiss "Baby Ikonta" é em tudo idêntica às câmaras de maiores dimensões. Esse é um dos motivos porque podem ser consideradas, precisamente, como "miniaturas".
As "Ikonta" são câmaras produzidas na Alemanha após 1926, altura em que se formou a Firma "Zeiss Ikon". A firma surgiu da junção de quatro fabricantes de máquinas fotográficas da altura: A Contessa-Nettel; Ica; Goerz e Ernemann com capitais da Zeiss.
Voltando às "Baby-Ikonta", existem várias versões destas câmaras. A sua produção variou ao longo dos anos e foram construídos modelos com objectivas de abertura máxima desde f/6.3, f/4.5 até f/3.5 Novar com obturador Derval bem como modelos (mais recentes) com objectivas f/4.5 e  f/3.5 Tessar com obturadores Compur. (O modelo ilustrado está equipado com um obturador Derval e com uma Novar f/6.3)




O filme que utilizavam era o pequeno "rolo" denominado de "127" partilhado, aliás, com muita outras câmaras de reduzidas dimensões de então como, por exemplo, um outro modelo deste mesmo fabricante: A "Zeiss Ikon Box Tengor" mais conhecida como "Baby-Box".

O "rolo 127" permitia captar até 16 fotografias em negativos cujas dimensões eram apenas de 3x4cm.

De resto, não há muito mais para dizer...
Infelizmente, é raro hoje em dia encontrar exemplares destas câmaras que estejam em perfeitas condições estéticas. A pintura, quer das orlas metálicas quer das inscrições, era um dos "pontos fracos" deste modelo.
Curiosidades: Só mesmo o estranho facto de existirem dois pequenos visores vermelhos na traseira da câmara! A finalidade? Verificar quando se tinha rodado o rolo até ao próximo negativo de forma correcta. O negativo continha a indicação (em duplicado) do número de foto a expor. Quando tal número coincidia nos dois visores o negativo estava centrado! Simples não?!

Canon EOS 5D Mark III (Vídeo promocional)




Após uma longa espera, eis a nova câmara da Canon: a EOS 5D Mark III!
Aparentemente, as inovações em relação à sua antecessora não parecem ser muitas... No entanto, há que ter em conta que a Canon EOS 5D Mark II era (e continua a ser) uma excelente câmara! Foi, das câmaras que tive cedidas para testes, uma das que mais gostei. (podem ver aqui, de modo mais alargado, a opinião acerca da mesma)
Supostamente, esta será a "natural" câmara concorrente da, também, recém lançada Nikon D800. Ambas possuem um sensor Full-frame e muitos megapixeis!
Uma das questões que certamente pairará na mente de muitos dos potenciais compradores de câmaras FX, no momento, será: Canon EOS 5D Mark III ou Nikon D800? Qual a melhor?
Sinceramente, acho que tudo terá a ver com a relação e tradição da marca que já vinham utilizando...
Contudo, uma ou outra diferença parecem-me mais relevantes entre as duas: Para os "puristas" do detalhe talvez a Nikon D800 seja uma boa opção. Por outro lado, para aquele que precisem frequentemente de fotografar em situações de pouca luminosidade, a Canon 5D Mark III talvez seja (devido à sua maior amplitude de valores de sensibilidade ISO) a opção mais lógica.
Já em relação à evolução das duas câmaras face às suas anteriores versões, parece-me ter havido uma maior "evolução" da Nikon ao passar da Nikon D700 para a Nikon D800 do que no caso da Canon ao passar da EOS 5D Mark II para a 5D Mark III... e não me estou a referir somente ao "aumento" dos MP porque nem só isso é relevante...
Mas tal como disse, é sempre mais dificil melhorar um produto que à partida já é bom!