Desenhar com luz


Nikon D200 + Nikkor 28-70mm f/2.8 ED-IF AF-S
(@ 28mm; f/22; 12,7 seg., ISO 100)

Com o tempo de chuva que tem estado nos últimos dias, a vontade e principalmente a oportunidade de fotografar ao ar livre não tem sido muita. Assim, é tempo para as experiências! (no interior, claro!)
Contra um fundo completamente escuro, com uma pequena lanterna de luz intermitente e um tripé, conseguem-se fotografias com formas abstractas e cores graficamente apelativas.
Uma vez que para fazer este tipo de fotografia, a ausência de luz e a deslocação do objecto que usamos impossibilita o trabalho do AF, é necessário pré-focar manualmente um determinado sítio e manter essa focagem fixa. Depois todo o desenho terá de ser feito nesse espaço.
O tempo de exposição "correcto", nestes casos, é influenciado pela direcção e intensidade da luz que a lanterna emite. No exemplo, foi usada a exposição em "Bulb" com o tempo de 12,7 seg. a ISO 100.

Douro sob nevoeiro


Nikon D200 + Nikkor 28-70mm f/2.8 ED-IF AF-S
(@ 70mm; f/8; 1/160 seg.; ISO 100)


A caminho do Estuário do Douro, onde ia fotografar aves, deparei com o Douro parcialmente coberto por nevoeiro. Era quase impossível seguir sem parar e registar aquele momento!
Curiosamente, em termos de resultados, valeu mais esta inesperada breve paragem do que as horas seguintes a fotografar aves. (O nevoeiro sempre espera um pouco mais tempo antes de levantar!)
Aqui ficam mais alguns registos daquele dia, designadamente da Ribeira do Porto. (Ver fotografias)

Gafanhoto-do-egipto (Anacridium aegyptium)


Nikon D200 + Nikkor 60mm f/2.8 Micro + 2 flashs

Mais uma foto de um "Anacridium aegyptium". Desta vez trata-se de um espécime em estado adulto e que procurei fotografar em pormenor.
Para esta fotografia foram usados 2 flashs. O da própria máquina com a potência reduzida em 1 Ev e um SB-26 colocado a cerca de 45º (à esquerda do gafanhoto e recuado em relação à câmara) funcionando como flash escravo e com a potencia reduzida também em relação aos valores indicados na medição. Dada a reduzida distância entre a frente da objectiva Nikkor 60mm f/2.8 Micro e gafanhoto foi preciso usar uma abertura de f/32 a fim de ser possível ter alguma profundidade de campo que permitisse manter focados os dois olhos do insecto!

Mais algumas fotografias desta espécie podem ser visualizadas no site na secção Macro.

Medição Matricial de Luz (Influência da área de AF activa)

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Como primeiro assunto, neste Blog que pretende ser um espaço de troca de opiniões e experiências relacionadas com a fotografia, aproveito para partilhar uma reflexão acerca de uma situação que ainda há bem poucos dias me surgiu relativa ao sistema de medição matricial da Nikon e a qual, penso, não vem explicada em nenhum Manual de Utilizador.

As actuais máquinas SLR da Nikon permitem escolher um entre 3 tipos de medição possível, a saber, a Medição Pontual (um único pequeno ponto, regulável em certas máquinas em termos de diâmetro, numa determinada zona da cena que pretendemos fotografar); a Medição Central-Ponderada (círculo central da imagem) e o sistema de Medição Matricial.
Na realidade o sistema de medição Matricial tem de ser compreendido para podermos tirar partido dele. No caso de ser mal usado os resultados podem ser piores, ou seja menos fiáveis, do que aqueles obtidos pelas antigas máquinas cuja medição se baseava em menos factores e tinham menos opções de controle sobre a medição de luz.
O sistema de medição Matricial de Luz da Nikon baseia-se numa medição de luz da área total da imagem captada. Mais é do conhecimento geral que essa medição se baseia não só nos níveis do contraste e brilho mas também, nos mais recentes modelos de máquinas, na cor. É a chamada medição matricial “3D Color Matrix”. Seguidamente, o processador de imagem vai comparar a cena lida com uns milhares de medições padrão ou de referência, e vai regular a exposição para aquela que achou ser a melhor. Até aqui tudo bem e com base naquilo que foi dito poderíamos pensar que este sistema seria infalível na medição das cenas que pretendemos fotografar, certo? Errado!
As fotografias que agora coloco como exemplo foram aquelas que me levaram a colocar este “post” e provam precisamente isso!

Após ter feito algumas experiencias cheguei à conclusão que este tipo de medição tende em certas situações a sobre-expor as fotografias. Porquê? Pois bem, primeiro porque em cenas com existência de grande contraste (claro/escuro, em que há vários valores de exposição -EV- de diferença entre essas zonas) o sistema matricial dá prioridade e tende a optar pela sobreexposição em vez da subexposição. Segundo, e é isto que pode ser novidade para alguns e daí a experiência que aqui partilho para quem ainda não descobriu o porquê de às vezes fica com fotografias sobreexpostas (usando um sistema que há partida uma vez que lê todas as zonas da cena devia ser preciso), é o facto do sistema matricial, além da primeira nuance já referida, ter ainda em conta a zona do sensor de focagem que usamos. Isto é, parte do princípio que se estamos a focar aquele determinado ponto é porque aquela é a zona mais importante da composição e deve ser essa a ficar "correctamente" exposta! Logo se estamos a focar uma zona à sombra a exposição "pré-definida" pelo sistema matricial tende a sobre-expor a restante parte da cena para que a zona de sombra fique, desse modo, "correctamente” exposta. É o caso das fotos acima e que servem como exemplo. Na primeira foi usado o sistema de medição matricial e a área de focagem foi a da zona da parede sombria do moinho. Na segunda foi usado o sistema de medição central-ponderado (não sendo ainda a exposição correcta é, todavia, melhor que a do primeiro caso). Não foi alterado mais nenhum factor além do já mencionado modo de medição. (Clique nas fotos para aumentar e ver as diferenças)

Assim este tipo de medição, que muitos de nós usamos, como maneira rápida de medir a luz, nem sempre é o aconselhável. Nestas circunstâncias é preferível, se não se quiser estar a fazer as devidas compensações em termos de exposição, fazer a medição matricial numa zona da imagem neutra e a seguir refocar ou então usar o sistema de medição central-ponderada.

Para tiraram as vossas conclusões e verificar que é assim, façam a seguinte experiência:
- Escolham uma cena com grandes contrastes – por exemplo fotografar para o exterior a partir do interior duma divisão com uma janela num dia claro.
- Seleccionem o sistema de medição Matricial.
- Escolham o modo prioridade ao obturador.
- Por último, sem mudar a posição da máquina, vão variando a escolha do selector de focagem e verifiquem que apesar de se manter a velocidade definida o valor da abertura indicado (f/stop) vai variando consoante a área seleccionada pelo ponto de focagem activo esteja na zona escura ou na zona clara da cena!

Como se consegue assim verificar, fica desfeito o mito de que este sistema é infalível e lê toda a cena arranjando a melhor exposição possível. Se medisse unicamente toda a zona da cena e não tivesse em conta a zona de focagem seleccionada os valores obtidos, ao alterar esta última, não se deviam alterar, não é?
De facto que é um bom sistema de medição até é verdade, desde que a cena escolhida não seja de grandes contrastes. A partir de um certo grau de variações de valores de exposições entre as zonas clara/escura o sistema opta pela sobre-exposição caso tenha sido seleccionada uma zona de focagem escura.
Este “post” não visa ensinar nada de novo e não sendo também nenhum “Ovo de Colombo” serve apenas como ajuda para a compreensão do porquê de certas fotografias, quando se usa o sistema de medição em causa, tenderem a ficar sobre-expostas. Isto claro, para quem ainda desconhece estes factos e ainda não se deu ao “trabalho” de descobrir o porquê.